quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Somos a resistência

Foto: Léo Pinheiro 
959 torcedores na arquibancada. Ali na arquibancada estava a resistência.

Foi após um protesto na Paulista que conversava com os amigos sobre o futuro da Portuguesa. E a conclusão é muito simples: Nós, que vestimos a camisa da Lusa, somos a resistência.

A Portuguesa lutou a vida toda contra a arbitragem, os roubos dentro de campo,  contra a falta de grana, contra uma administração capenga,  contra um sistema que só favorece os grandes e ricos, etc... Luta contra tudo e todos. A Portuguesa luta até contra a Portuguesa.

A Portuguesa sobrevive por causa da pequena torcida. Hoje 900, amanhã ninguém sabe. O futuro da Lusa é tão incerto e desanimador quanto time.

Vejo muitos comentários de torcedores desanimados e desistindo. Eu continuo pagando meu sócio-torcedor, vou nos jogos no Canindé, mas irei ouvir os outros pelo radinho (internet). Não está e não será fácil aguentar esta equipe. E a culpa da ruindade nem é deles, é de quem contratou a equipe. Guto Ferreira precisa fazer milagre e não está conseguindo.

Não temos dinheiro, planejamento, time... Mas pensando bem, o Corinthians tem tudo isso e perdeu de 5 a 1, eu não consigo parar de rir com o time da Marginal sem número.

Futuro da Lusa é incerto. O caminho da A2 é o mais próximo.

Temos um ponto em quatro jogos. Perdemos, em casa, e de virada, por 2 a 1, para um time tão fraco quanto a Lusa. A situação é desesperadora e desanimadora.

A Portuguesa tem pouco tempo para recuperar os pontos perdidos e provar que apesar das dificuldades ela ainda é a resistência e o lugar dela é na elite de qualquer campeonato. A torcida, 900, 800, mil ou um torcedor, estará lá na arquibancada. O jogo só acaba quando termina e a Lusa disputa o Brasileiro de 2013 e o Paulista de 2014.

Não podemos abrir mão desses campeonatos. Somos a resistência.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Amor verdadeiro

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“O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca”.  A frase é do Antoine de Saint-Exupéry, e já que o Pequeno Príncipe foi citado no segundo julgamento do STJD, resolvi citar aqui também.

Saint-Exupéry faz muito mais sentido aqui, do que lá, e vocês vão entender...

Comemorei a permanência da Portuguesa, na Série A, naquele jogo lá em Campinas contra a Ponte Preta.

Naquele dia chorei, gritei e comemorei como se a Lusa tivesse vencido um Campeonato. Nós, torcedores da Portuguesa, sabemos de todas as dificuldades que passamos. Tínhamos um elenco limitado e faltava grana. Foi uma grande vitória permanecer na A. Nosso time foi vencedor e a torcida, como sempre, guerreira.

Dentro de campo, o último jogo, contra o Grêmio, serviu apenas para cumprir tabela. Na arquibancada, valia para agradecer o time, o Guto Ferreira, rever os amigos e fechar 2013. Saí do Canindé comemorando e extremamente feliz com o desfecho do ano. Terminar o Brasileirão em 12º lugar foi surpreendente.

Nove dias depois, fui pega de surpresa com a notícia que a Lusa seria rebaixada por ter escalado um jogador irregular. Meu chão desabou. Foi minha primeira noite sem dormir.

Naquele dia eu perdi um pouco o encanto pelo futebol. E os dias se passaram, a torcida da Lusa, a sofrida torcida da Portuguesa, se mobilizou, realizou um lindo protesto na Paulista, comoveu sociedade, torcidas adversárias e imprensa. Neste dia, eu senti muito mais orgulho em ser Lusa.

E aconteceu o primeiro teatro do STJD. Lusa foi goleada dentro do tribunal. E minha paixão pelo futebol diminuiu, minha paixão pela Portuguesa aumentou. Mais uma noite sem dormir. Chorei.

Dias depois, a torcida da Portuguesa parou a Paulista. Mais uma vez, estávamos na imprensa pedindo aquilo que era da Lusa por direito: Os pontos conquistados dentro de campo. E se nada desse certo, a lição que tiraria dali é que a minha torcida é a mais guerreira do mundo. E que por mais que derrubem a equipe ou maltratem ela (nossa diretoria não é lá muito legal) nosso amor pela Portuguesa é puro, sincero e que não precisamos de títulos, mas precisamos da Lusa. Torcemos por paixão sem esperar nada em troca.

E fomos para o segundo julgamento no STJD. E a Portuguesa foi derrotada outra vez. Os doutores engravatados roubaram meu sorriso, minha alegria, meu Natal, meu Ano Novo e todos os pontos que a Lusa conquistou em 2013. Os 4 gols diante do Corinthians não valeram nada, o gol do Lauro no último minuto contra o Flamengo não teve importância e os pontos que a Lusa conquistou durante as 38 rodadas não valeram para nada. A Lusa simplesmente foi jogada para a Série B por ordens de engravatados.

E onde não se espera nada em troca, os torcedores da Lusa, na véspera do Ano Novo se movimentaram para entrar com uma ação contra todas as injustiças do mundo que fizeram com a Portuguesa.

Acompanhei lance a lance, gol a gol até que nesta sexta-feira, 10 de janeiro de 2014, um juiz engravatado do bem resolveu aceitar uma ação de um torcedor da Lusa. A CBF teria que devolver os quatros pontos, perdidos injustamente em uma sala do STJD, para a Portuguesa. Lusa retorna para o lugar que ela conquistou dentro de campo.

E hoje, sexta-feira, sinto ainda mais orgulho de nossa torcida. De todos aqueles que foram para a Paulista, daqueles que sofreram durante todas as rodadas do Campeonato, daqueles que se desesperaram com a notícia do rebaixamento e daqueles que acreditam e amam as cores da Lusa.

Parabéns a torcida! Parabéns aos advogados e todos que se movimentaram em favor da Portuguesa. Parabéns para todos nós! Nós sabemos o que é o amor verdadeiro por um time.

Hoje, eu coloquei a bandeira da Lusa na sacada de casa, vesti da camisa da Portuguesa, mostrei minha tatuagem e gritei para o mundo todo: Orgulho de ser Lusa!

(Sei que a luta não acabou, mas conquistamos uma grande vitória! Que venham outras lutas, guerras e julgamentos...)