terça-feira, 18 de novembro de 2014

Noites de terça-feira

No alto da estante, comigo em todas as horas. 
As noites de terça-feira me fazem chorar. Tem sido assim desde que mudei para Brasília.

Todas as terças-feiras, em que a Portuguesa joga, sigo o mesmo ritual: Visto a camisa, coração dispara e corro para ver a Lusa em campo.

Foram poucas vitórias, exatamente duas, contra o Vila Nova, por 2 a 1, no Serra Dourada e recentemente, já rebaixada, contra o Luverdense, alguns empates e muitas derrotas.

Derrotas que doeram pela distância. Derrotas que me fizeram sofrer pela incapacidade de poder salvar a Portuguesa do abismo da Série C.

Aqui do Cerrado, vivi cada jogo como se estivesse gritando no alambrado do Canindé.

Desde que mudei, no fim de maio de 2014, estive duas vezes no meu estádio querido. Um empate, em 1 a 1, contra o Ceará e uma derrota, por 2 a 1, contra o Icasa. Ali, tive a certeza que não foi a minha distância que deu azar para a Lusa. E seria muita pretensão achar que eu dou sorte para a Portuguesa.

Mas ali, na arquibancada, de frente para o gramado, vi o funeral de perto. Vi uma triste torcida, com alguns sobreviventes da tragédia da Série C tentando entender o que aconteceu com a gloriosa Portuguesa. Vi corações feridos. Vi o sentimento de revolta.

Ali, de frente para o gramado, vendo tanto sofrimento, lembrei de como eu fui feliz naquela arquibancada. Lembrei das comemorações, dos gols em cima dos “times grandes”, da felicidade de uma simples vitória e de como o Canindé me encanta. A minha casa.

Quantas vezes eu comemorei o título da Série B de 2011? Umas cinco, que eu me lembre, porque as demais comemorações eu estava bêbada. E não só embriagada pelas caipirinhas, mas pela felicidade que transbordava em meu coração.

Agora, mesmo rebaixada para a Série C, vivendo o pior momento da história do clube, eu continuo em frente a TV acompanhando todos os segundos desse sofrido Campeonato. Hoje, mais uma derrota, e desta vez, perdemos de 2 a 0 para o Avaí.

E será assim até a última rodada, última derrota, última lágrima...

O vinho, que me acompanha nessas noites de escuridão e rodadas lusitanas, acaba antes que as glórias da Portuguesa.

E podem gritar “ão, ão, ão, terceira divisão”. Dói, dói muito. Uma tortura para o torcedor apaixonado que ainda não desistiu da Portuguesa.

Mas sei que independente da divisão, estarei junto com a Kombi lotada, na frente da TV, na internet, no boteco ou na arquibancada com os torcedores sobreviventes, pronta para gritar gol e comemorar mais uma vitória.

Pode demorar, mas um grande amor a gente não abandona, nem mesmo quando este amor só nos decepciona.

Eu não vou abandonar você, meu amor, minha Portuguesa.

Sem rumo