quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Carta de amor à Portuguesa

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Está escrito na parede do meu quarto: “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”, do maior poeta da língua portuguesa, Fernando Pessoa. E nos meus sonhos, você está em todos, por mais que a situação seja ruim, eu acredito na volta por cima.

Minha querida, Associação Portuguesa de Desportos, nesta sexta-feira, você completa mais um ano de vida. São 95 anos de glórias, tradição, sucesso, torcedores apaixonados e muitos tropeços.

Acredito que em 2015 não temos muito o que comemorar, você sobrevive por aparelhos. Rebaixada no Paulista para a A2 e jogando pela primeira vez a Série C, a situação não está muito legal para o seu lado. Você, querida, está endividada, os salários estão atrasados, a posição na tabela longe de ser a ideal para retornar para a Série B. A torcida está descrente e a cada rodada, menos frequente nas arquibancadas.

Nos últimos anos eu disse, várias vezes, que você estava vivendo a pior situação da história, mas acho que desta vez, Portuguesa, é realmente a pior situação.

As dívidas foram acumulando, as quedas aconteceram e hoje você está perdida no meio da tabela, esquecida na Marginal Tietê, procurando caminhos para navegar e não se entregar.

Afinal, como diz o meu poeta favorito, Fernando Pessoa (aqui outra vez, porque citar Pessoa, é cult):

“Navegar é preciso; viver não é preciso".  
Quero para mim o espírito [d]esta frase,    
transformada a forma para a casar como eu sou:  
Viver não é necessário;  o que é necessário é criar.   
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.   
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.”  

Lusa, meu amor, apesar de todos os problemas, no meu peito e na minha tatuagem ainda resta o orgulho de vestir o manto rubro-verde. Ainda tenho a esperança de querer mudar o mundo e querer que os outros voltem a te respeitar. Sabe...

Por mais que eu tente disfarçar, me pego pesquisando, diariamente, preços de passagens para assistir a Portuguesa em São Paulo, no Rio, em Minas ou qualquer lugar do Brasil.

Por mais que eu diga que não vou acompanhar mais nada, ainda me surpreendo com as notícias de novas contratações ou dispensa.

Por mais que eu diga não, eu quero dizer sim. Sim para os convites para ir assistir a próxima rodada no Canindé.

Por mais que eu diga que vou cancelar o sócio-torcedor, a fatura continua caindo mensalmente no cartão de crédito.

Por mais que eu fale que vou te abandonar e trocar você pelo Gama, eu não consigo. E para ser sincera eu conto os minutos para minhas férias só para poder te ver na arquibancada.

Por mais eu diga que a novela é mais legal, o que é uma grande mentira, eu me pego vendo ou ouvindo seus jogos em todas as rodadas.

Por mais que seja descrente, eu tenho certeza que você vai dar a volta por cima.

Portuguesa, pra mim, você é a maior, a melhor, a mais querida, amada e respeitada.

Por tudo que já vivemos, eu desejo não só a você, mas a nós, a torcida: Vida longa e o retorno dos dias de glória. Você precisa renascer! Você vai renascer e nós continuaremos de mãos dadas até o fim dos dias.

Parabéns, meu amor, pelos 95 anos. É a hora de renascer! Está na hora de navegar, Portuguesa! 

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