quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vale o Quanto Custa?

Já que o Felipão é do Palmeiras e o Piritubão é uma ideia que pode sair do papel, segue o texto que publiquei no blog Os Geraldinos, no dia 21 de maio de 2010. 


Quando visto a camisa do meu time, muito além de colocar o manto sagrado, estou vestindo paixão, emoção, história, tradição e o orgulho de torcer para minha querida Portuguesa.

Quando uma empresa resolve patrocinar o time, deveria levar em consideração que não é apenas a marca estampada em uma camisa, mas uma marca agregada aos valores de milhares de torcedores.

O clube e o patrocinador devem entender que o torcedor não é “homem-placa”, desfilando na Praça da Sé, o torcedor é um apaixonado, bobo, insensato, que vai do céu ao inferno em 90 minutos. Que ama o time no primeiro tempo e odeia no segundo. Que faz promessas falsas e apostas que não serão pagas.

Sou do tempo que não entrava na Kalunga porque patrocinava o Corinthians e também não bebia leite Parmalat, porque a marca era o Palmeiras. Eu tinha ódio do falido banco Excel, só porque patrocinou o Corinthians em 1998, ano em que o Castrilli assaltou a Portuguesa no Morumbi.

Dos anos 90 pra cá, muitas marcas tiveram o privilégio de desfilar nos gramados com os ilustres jogadores da rubro-verde. Por muito tempo o carro foi abastecido no posto Salemco, os laticínios eram da Chapecó, farmácia era a DrogaVerde, plano de saúde era Trasmontano e fazer compras na 25 de março? Só se for no Armarinhos Fernando, porque o “Sr. Fernando” é legal e patrocinou a Portuguesa em 1996 e em troca ganhou conhecimento em todo Brasil! Grande sorte teve o “Sr. Fernando”, apostou na Lusa no momento certo e na hora certa, a Portuguesa foi vice-campeã brasileira e a rede de lojas do “Sr. Fernando” foi parar em todas as TVs e manchetes de jornais. E quem eram essas marcas antes de patrocinarem a Portuguesa?

Hoje os tempos mudaram, o futebol e os negócios também e além das trapalhadas dentro de campo existe a maior farra de patrocinadores. Que graça tem Grêmio e Internacional terem o mesmo patrocinador? Algumas marcas estão estampadas em mais de quatro clubes. Fora as camisas que tem mais de cinco patrocinadores, não dá para ver o brasão da equipe. Acho tudo muito chato, é lamentável pensar que futebol não é só o puro e bom jogo de 90 minutos. Futebol é negócio, é sujo, imoral e o torcedor e as tradições que se danem porque o clube quer o dinheiro e o patrocinador quer sair bem na foto (de todas as torcidas/clientes). Sabe por quê? É mais fácil não ter vínculo com nenhum clube. É cômodo agradar diversas torcidas. É muito melhor ser aliado de vários do que vestir a apenas uma camisa.

Em 1995, Portuguesa e Palmeiras, jogaram no Canindé e ao final da partida, Tonhão, jogador palmeirense teve a infeliz ideia de pisar e cuspir no manto sagrado lusitano. Sabe o que aconteceu? Os torcedores da Portuguesa que tinham padarias, restaurantes, mercadinhos, etc. boicotaram a Parmalat e o jogador palmeirense foi obrigado a pedir desculpas para a Portuguesa.

Em 1998, o patrocinador do Campeonato Paulista era o Grupo VR (Vale Refeição), após o jogo, Lusa X Corinthians, onde aconteceu o maior assalto do futebol, e a Lusa ficou de fora das finais, a torcida lusitana resolveu boicotar a empresa gerando um desconforto entre a VR, padarias e restaurantes. Na época o presidente da FPF, Eduardo José Farah, prometeu prêmios maiores para Lusa, lamentou o caso Castrilli, chegou a especular a anulação do jogo, mas só para ficar bem com o patrocinador, porque nada aconteceu.

Atualmente, é mais difícil boicotar uma marca, não existe mais a identidade da empresa com o clube, não há uma fidelização entre o torcedor e a marca.  Nenhuma organização veste a camisa do clube, a marca está aqui, no maior rival e em todos os lugares que gera visibilidade.

O problema é que me sinto “usada”, como um outdoor e sem ganhar nada por isso. Ver que a marca parceira do meu time, aquela que prometeu uma “gestão vitoriosa”, “sucesso dentro e fora dos campos”, está envolvida em boatos de que ajudará a construir o estádio do time da “marginal sem número” e bancar o Felipão para o clube da Pompéia, enquanto o meu time está com jogadores medíocres e um estádio precisando de reformas. É uma falta de respeito para qualquer apaixonado que torce pelo sucesso do time e das empresas que incentivam o clube do coração.

2 comentários:

João Gabriel disse...

Muito bom o texto. É isso mesmo. Abraço.

www.jonesbegol.blogspot.com

ANSELMO RIBEIRO disse...

E além de tudo isto, temos que aturar o outrora comedido Dr. Júlio bancando o papagaio de pirata, tirando foto com o Felipão e indo pessoalmente à TV Gazeta falar do estádio "Gambazão"...