quarta-feira, 8 de abril de 2009

A Lusa e Nietzsche

Por Charles Nisz


Dos jogos deste domingo pelo Campeonato Paulista não vou falar. Não gastarei tela e tinta com algo acabado. Os relatos da crônica esportiva (leia mais) e os juízos dos comentaristas bastam (leia mais).

Mas suponho que a Lusa seja o mais nietzscheano dos times paulistas. Disse o filósofo alemão: “Torna-te aquilo que és”, e a Lusa virou o segundo time de todos os paulistanos - no Campeonato Brasileiro de 1996 (leia mais), virou a queridinha de todo o Brasil.

Nem todo torcedor rubro-verde sabe, mas quando ele diz: “Algumas coisas só acontecem com a Lusa“, é a atualização permanente de um conceito do pensador de vastos bigodes: “O eterno retorno do mesmo“.


A Lusa tinha a vaga cinco minutos antes do encerramento da rodada. Aos 39 e aos 43 minutos do segundo tempo do jogo contra a Ponte Preta, Kléber Pereira fez dois gols e classificou o Santos. Uma reviravolta brutal.


Reviravolta responsável pelo clique abaixo, obra de Rubens Cavallari, da Folha de S. Paulo. O que é mais chocante? Os gritos do menino a chorar ou o sofrimento silencioso do pai, certamente testemunha de outras eliminações da Lusa?


Talvez esse menino ainda assista belas exibições do seu time, a conquista de títulos e de glórias, mas tenho a convicção de que ele jamais esquecerá o final da tarde de 5 de abril de 2009. No mais cortante de seus aforismas, Nietzsche sentenciou: “É mais fácil lembrar de tudo aquilo que nos causa dor“.


PS - A foto faz lembrar outra imagem genial do jornalismo esportivo brasileiro. Em 6 de julho de 1982, o Jornal da Tarde publica na capa uma foto estourada de um menino chorando após a eliminação brasileira da Copa do Mundo de 1982 (veja a foto).

O terceiro blog que eu encontro com a mesmo foto. O texto é excelente e merece ser publicado em vários lugares. Ainda sofro com a eliminação Lusitana. Hoje, em cima da minha cama está minha camiseta da Lusa e a bandeira, que usei no domingo. O destino da camiseta poderá ser a gaveta e ficará por lá até o início do Brasileiro ou usá-la, porque mala-branca, mala-preta ou mala-alvinegra não me derruba só me decepciona! Por que ainda acredito em futebol e político?

Um comentário:

Anônimo disse...

Fico feliz que gostates do texto. Só o Nietzsche mesmo pra conseguir sintetizar momentos cruciais como os vividos domingo. Ainda que eu seja santista!