domingo, 11 de agosto de 2013

Email ao pai

(Era para ser uma carta, mas email é mais moderno e rápido, podia ser também um SMS, mas resolvi alongar a conversa)

Mais um domingo de jogo da Lusa e Dia dos Pais. Mais um almoço que será adiantado para assistirmos o jogo da Portuguesa...

E nossos domingos sempre foram assim praia, almoço na casa da vó e Lusa. Principalmente Lusa, porque sempre nos organizamos para fazer tudo antes do jogo. Acabou virando obrigação aparecer no Canindé, mas é muito mais do que isso, é diversão e paixão. Você anda resistindo mais, abrindo mão de alguns jogos, mas sei que jamais abandonará o Canindé.

Sabe, eu queria muito saber qual foi o meu primeiro jogo da Portuguesa. Se foi ou não em um domingo. Se a Lusa ganhou. Eu não lembro, mas lembro de milhares de vezes ali no Canindé, você prestando atenção no jogo e eu ali deslumbrada com o Canindé, com a torcida e com as cores da Lusa. Não mudei muito, continuo assim. Muitas vezes esqueço do jogo e só consigo reparar no ambiente.

Até hoje sinto a magia do Canindé, já perdi as contas de quantas de vezes fui em estádios, mas o friozinho na barriga continua. E não importa se o jogo é uma decisão ou se não vale nada, a sensação é única, sempre. E deve ser por isso que não abro mão da arquibancada.

Sabe pai, às vezes, você reclama que encho o saco para você ir no Canindé. Eu até entendo o seu “não”, você viu muito mais glórias que eu, e hoje, é triste ver um time ruim e o clube no estado em que está. Mas foi você que me mostrou o caminho do Canindé. A culpa por eu torcer pela Lusa é sua. A Luciana, a filha mais rebelde, até ameaçou torcer por outro time, aquele da Marginal sem número, mas quando percebeu que seria excluída de uma das coisas mais legais que fazemos juntos, ela voltou atrás.

Na escola, na faculdade, no serviço, etc.. sempre fui o aposto dos meus colegas. Além de torcer pela Portuguesa eu ia (vou) sempre para o Estádio. Que pai que faz isso? Ainda mais com uma garota?

Difícil ver um pai que leva os filhos, quase todo domingo, em um estádio de futebol. Isto é coisa de pai lusitano, pai que quer transmitir o amor para o filho. O pai de outros times ensina pela TV e, muitas vezes, dá errado. Azar deles, não é? Comigo deu mais certo do que você imaginava.

Não sei em que parte você errou na minha educação, seria mais natural que o Alexandre fosse o mais fanático, mas aconteceu comigo. Não sei quantas vezes eu te decepcionei por causa da Lusa, eu poderia citar milhares de vezes que você me ligou bravo falando “NÃO VAI, É PERIGOSO!” e eu, teimosa, fui. Mas sei que você também já sentiu muito orgulho e me ver com a camisa da Lusa.

Eu e aposto que meus irmãos também sofreram a influência de amigos e parentes para mudar de time e que fomos e zoados pelos torcedores dos times adversários, mas nunca me importei. A resposta sempre estava na ponta da língua e nunca deixei me influenciar por ninguém.

Torcer para Lusa vai muito além de simplesmente torcer. É a maior prova de amor, tradição, personalidade e força. E devo tudo isso a você e ao meu vô. Deve ser decepcionante para um pai ver o filho torcendo para outro time que não seja o dele.

Parece bobagem, mas vimos altos e baixos da Lusa juntos, choramos muitas vezes e comemoramos outras milhares de vezes.

Lembra, em 96, quando você chutou a TV após o gol do Aílton?

Lembra daquele domingo de 98 no Morumbi, o jogo do Castrilli e como saímos revoltados?

Lembra da gente comemorando em 2011?

Lembra da gente saindo da praia às 7h da manhã porque tinha jogo da Lusa às 10h pela A2?

Lembra que hoje é domingo?

Na verdade esse email é só para dizer: Feliz dia do: Pai, vamos no jogo da Lusa?

Um comentário:

*Sabrina* disse...

q linddooooooooooooo