domingo, 8 de setembro de 2013

Onde os fracos não tem vez

Foto: Léo Pinheiro
Eu deveria desistir do futebol. Abrir mãos das partidas nas quartas e finais de semana. Deveria não me importar com mais um roubo, mais lances polêmicos, não deveria me importar com os jogos em que a Portuguesa é prejudicada. Já faz parte da história da Portuguesa o prejuízo dentro de campo.

Eu já deveria ter me acostumado com o futebol moderno, onde os fracos não tem vez. E os fracos, não são times fracos dentro de campo, são times que não tem poder político, não tem grandes patrocinadores, não tem a maior cota de TV, não tem uma bilheteria alta, não tem arenas modernas, não dão audiência para o Globo Esporte e não geram discussões nas mesas redondas no fim das noites de domingo. Os fracos são aqueles que a CBF faz de tudo para excluir do campeonato dos poderosos e modernos, dos que dão audiência, dos que conseguem chamar dinheiro para a entidade e clube. Os fortes são aqueles que ficarão cada dia mais fortes e os fracos, a TV e a CBF querem que sumam. Que sumam, pelo menos, do caminho dos fortes.

É a fraca Lusa vem lutando, rodada a rodada, contra os times poderosos, contra a arbitragem, contra a falta de grana, contra o futebol moderno. Muitos times, considerados fortes, entraram no campeonato dos times fracos, no campeonato do rebaixamento. São Paulo, Vitória, Bahia, Atlético-MG, Fluminense, Flamengo, Náutico, Ponte Preta e Portuguesa lutam contra o rebaixamento. E se alguém for prejudicar algum time, será aquele sem torcida, sem voz política, sem grana, sem grandes patrocinadores. O prejudicado será sempre o mais fraco.

Contra o Grêmio, vi um dos maiores assaltos do futebol mundial. Fiquei revoltada igual o dia do assalto do Castrilli, me senti envergonhada por gostar de futebol e gastar meu dinheiro com ingressos e o PFC. Senti envergonha por colaborar com um “sistema” em que a Portuguesa jamais terá sucesso.

Não afirmo que a Lusa foi prejudicada de propósito contra o Grêmio e Coritba, mas veja bem, contra os dois times o juiz era baiano, e o Vitória e Bahia brigam para escapar do rebaixamento. Acredito que a Portuguesa foi prejudicada apenas por fazer parte do grupo dos fracos. Aqueles que sempre serão prejudicados e que não adianta reclamar que nada vai acontecer. Afinal, quem se importa com a Portuguesa? Só a torcida da Portuguesa.

Se eu fosse dirigente da Lusa, teria retirado o time de campo assim que o juiz marcou o pênalti para o Grêmio. O time seria banido do campeonato, da CBF, etc... Mas a Portuguesa iria mostrar que é a hora de dar uma basta contra os times “fracos”. É hora de tratarem com igualdade os times menos favorecidos com bilheterias, patrocinadores, marketing, etc...

Contra o Grêmio foi só mais um jogo que mostraram que a Lusa não tem espaço para o futebol moderno. Na segunda-feira na TV, vamos ver os gols do Corinthians, do Flamengo, do Santos, Grêmio e outros times de massa e ninguém mais vai se lembrar do assalto contra a Lusa. Nós, torcedores da Portuguesa, vamos continuar revoltados, mas sabendo que nada vai mudar.

A Portuguesa vai seguir o campeonato brigando contra a falta de grana, contra a arbitragem, contra os times fortes, contra tudo e contra todos. E nós torcedores temos que provar que uma hora os fracos tem que ter a sua vez.

P.S. Quarta-feira é dia de aparecer no Canindé e apoiar a equipe contra o Vasco. Quarta-feira é dia da torcida mostrar a cara no Canindé. 

Um comentário:

Existe Agência disse...

Foi inevitável não lembrar do Castrilli. Mas seu texto acerta o ponto: um time como a Portuguesa incomoda o status quo do futebol moderno; é uma pedra na engrenagem. O que se viu na Arena do Grêmio foi um acinte, uma pouca vergonha. A tal ponto que um torcedor ilustre e jornalista de prestígio como Flavio Gomes perdeu as estribeiras e o emprego (o que também comprova o rabo preso da imprensa com o poder econômico). Em suma: é o tipo de episódio que deveria ter o efeito de trazer o torcedor de volta pro lado do time. É como ver alguém que vc ama ser desrespeitado, humilhado, e correr pra prestar auxílio. Sim, na quarta-feira todo mundo no Canindé!