quinta-feira, 25 de julho de 2013

Carta ao Djalma Santos

Quarta-feira, pela manhã, recebi a notícia da sua morte e lamentei profundamente. Sabe Djalma, também tenho 84 anos e a nossa geração está partindo. Amigos, parentes e agora você, meu maior ídolo.

Faz tempo que não apareço aqui no blog, mas não ando muito animado. A Portuguesa só me decepcionada. As coisas por lá não andam muito bem e já estou velho, cansado e desanimado. Vi tantas glórias e agora vejo um clube nas mãos do acaso. Ainda acho que vou morrer de desgosto. 

Estava pensando aqui sozinho, mas acho que foi por causa de você que comecei a torcer pela Portuguesa. 

Em 1952, quando aconteceu aquele primeiro título do Torneio Rio –São Paulo, tinha 23 anos e já acompanhava a Portuguesa junto com meu pai. Mas com aquele título, minha paixão aumentou ainda mais. Meu saudoso pai era da Madeira, faleceu com 102 anos, já estava com a memória fraca, mas nunca abandonou o radinho de pilha para ouvir as notícias e jogos da Lusa. Hoje faço o mesmo e meu filho também. 

Meu filho mais velho, nasceu em 1956, ano que a Portuguesa adquiriu a “Ilha da Madeira” que anos depois se tornou o grande e charmoso Canindé. E o Canindé até hoje é a minha segunda casa. 

Sabe Djalma, eu não ando com a memória muito boa, mas recordo cada lance seu. Tudo que você fez na Portuguesa e na Seleção Brasileira. A memória me impede de afirmar se você participou do Torneio Fita Azul em 1954 ou se já estava na Seleção. Mas não importa, quero acreditar que você participou de toda a época de Ouro da minha Portuguesa. 

Sabe amigo, posso chamar você de amigo, né? Fico triste quando penso que a Portuguesa já foi uma potência e hoje se tornou um clube pequeno, comandado por pessoas que acham que a Lusa é pequena. Lamento pelas futuras gerações. Vejo a Portuguesa em um beco sem saída e isso é muito triste. 

Sempre acreditei que a Lusa era o maior time do mundo e passei isso para meus filhos e netos. Tenho recortes de jornais, camisas antigas, minha primeira carteirinha de sócio, ingressos, tenho a história guardada em uma caixa de sapatos e no coração. 

Mas me pergunto: O que fizeram com a Lusa?

Não temos time, não temos técnico, não temos nem uma gestão. Mas tenho o orgulho de torcer para Lusa. Lusa que aprendi amar e respeitar vendo você vestir as cores rubro-verde. 

Você foi o meu maior ídolo. E nem faz tanto tempo assim eu fui até fim do mundo buscar uma camisa com seu autógrafo para a minha neta. Acredita que ela não me deu a camisa? Eu morri de inveja. A camisa é linda, mas sei que está bem guardada e em boas mãos. 

Não tive a oportunidade de conhecer você pessoalmente, mas tive a oportunidade de ver você jogar e as memórias ficam para a posteridade. Você entrou para a história do clube, da Seleção e do futebol. Você é o melhor lateral-direito de todos os tempos. Que orgulho eu tenho de ter visto você com a camisa da Lusa!  

Amigo, para finalizar, não fique chateado pela falta de consideração do clube. Aqueles homens que atualmente comandam a Portuguesa estão mais esquecidos que eu. Sinto vergonha deles. Mas tenho certeza que a torcida jamais esquecerá de você. Eu jamais esquecerei!

Obrigado, Djalma! Por causa de você tenho ainda mais orgulho em ser Lusa!

Saudações,
Vô Lusa 



2 comentários:

Wagnão disse...

Parabens pela carta do Vô da LUSA!!! infelizmente ele esta correto esta acabando com ela... nem homenagearam o maior de todos que vestiu a camisa rubro verde...
Espero que o Vô da LUSA tenha muitas alegrias com o seu time de coração mas ta dificil... vamos torcer, pra nos tudo é mais dificil...

Luiz Filho disse...

MARAVILHOSO POST!!!